Nesse trabalho, uma situação histórica de um drama que aconteceu na década de 70 no Brasil, a morte polêmica do jornalista Vladimir Herzog, é retratada de maneira simples usando um material comum e acessível a todas as pessoas. Roupas, cabide, luminária são montadas de um jeito que para quem não conhece a história da morte trágica do jornalista, poderá parar e pensar sobre o porquê daqueles objetos estarem instalados daquela forma? Podem pensar que foi o acaso do cotidiano de quando chegamos ao nosso guarda roupa, e encontramos aquele cabide com roupa caído no armário! Ou simplesmente acharem que foi uma maneira diferente de pendurar roupas! Para quem conhece a história, a percepção será diferente com certeza. Verá ali nas simples roupas penduradas em um cabide modificado uma cena armada, montada, nada natural. E é aí que entra o trabalho conceitual do artista, mostrar o lado subjetivo dentro de uma realidade existente retirando a dramaticidade da cena real e romantizando o lado trágico. Deixa para os expectadores lances (material usado no trabalho, forma de montagem, entre outros) que dão ideias para o público, observarem e chegarem a uma conclusão pessoal que vai lhe agradar ou não! O uso do material comum a todos, aproxima o público do trabalho que o faz pensar nas inúmeras possibilidades de conceitos conhecidos por ele e o artista penso nisso como forma sensível de mostrar seu sentimento sobre um assunto que ele quer abordar.
Esse trabalho específico quer passar a ideia de que todos podem se tornar personagens dessas situações críticas que o mundo impõe. No caso em particular desse trabalho, ele é inspirado no momento crítico relacionado ao jornalista Vladimir Herzog. Da maneira que foi montado, o trabalho lembra a clássica foto onde mostra a cena de sua morte nas dependências do DOI – Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna). Uma cena montada nada natural onde queriam passar a ideia que o jornalista havia se matado. E nessa semana, especificamente no dia 26 de junho, que é o dia Internacional de Apoio às Vitimas de Tortura, esse trabalho presta homenagem e mostra a indignação contra esse tipo de situação que até hoje milhares de pessoas no mundo inteiro sofrem.
Artista: Thais Lino.
Trabalho: Instalação/Tema Político.
Obra: DOI – dói muito!
Ano: 29/06/2018
Local: Fundação de Arte de Ouro Preto, Núcleo de Artes.
Linguagens Artísticas Contemporâneas/Ministrada por: Ricardo Macêdo.
Crédito arte publicitária: Wilton Nascimento.
Foto: Ricardo Macêdo.
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